sábado, 30 de julho de 2011

Licença Poética


Eu gosto de tu,
Assim desse jeito,
Matando Gramática;
Acho feio coisa entre mim e ti.
Pra mim é eu e tu, e tu mais eu
E não há Mestre que me conserte!

É nós em um
Num singular todo torto,
Erro doido sem fim.
-É pra eu, ou pra mim?

Mim não faz, só recebe
Mim não teme, mas deve
De tu pra mim,
E de eu pra tu.

Mim tem nem ética!
Só por causa que te gosto,
Perdi minha licença poética.
(Então, gostar-te-ei de jeito mudo!)

-Rum.

Sexo.


Engula-me, engula-me!
Afoga-me em saliva;
Depois de morta, degluta-me.
-Envolva-me,
E devolva-me a mim.
Tal qual quem nunca quis
Que não quis nem permissão
De quem não queria, mas queria...
Escuta-me.
Diga-me se ouve o mesmo que eu
Ouçamos no mesmo tom,
Ousamos na mesma Língua.
São duas bocas num ouvido só:
-Engula-me.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Denúncia

TEM UM POETA ATACANDO MINHA GELADEIRA!

O Homem com Tinta Guache

Moço de faces pintadas
Vermelho no nariz-bola
Não bastava ares de graça de palhaço
Ainda anda em pernas-de-pau...
-Como é a vista daí de cima?

Porque Vida a ser posta em cores
É saga de Palhaço
Que anda na rua
Catando cada sorriso perdido no asfalto:

Atrás dos vidros dos carros

Aos pés dos transeuntes

Nos pneus das bicicletas...

(Em teu bolso cabe tanta Alegria, Palhaço?)

Será quantas destas ruas
Quantos tantos destes carros
Correm pra dentro das tuas veias?

Será que Coração-Asfalto?

Há que se colorir...
E outros tantos pintados Palhaços
Costuram a vida da gente em seus monociclos
-Arte de coser colcha de retalhos coloridos.
E riem-se!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Luto.

Vovô, hoje de madrugada, resolveu dormir pra sempre. Velhinho dorminhoco.

Ele se foi e acabou levando com ele um pouco da netinha maluquinha que sempre aparecia com alguma idéia de jerico, querendo discutir e socializar, afinal não é todo mundo que é fá de idéias de jerico. Talvez, se um dia a netinha quisesse fazer uma plantação de morangos, comprar um barco, construir uma escadinha de palitos de fósforo até a Lua, ou até mesmo virar Dentista, ele estava lá, pronto a me dar todo o apoio de avô que eu poderia receber.

É, Vozinho. Nem todas as idéias de jerico foram pra frente, infelizmente (ou não). Mas ainda tenho várias em desenvolvimento e outras por surgir, e tenho certeza de que Você, aonde estiver, vai me dar aquele apoio de sempre, rir com aqueles olhinhos de longas datas e dizer o velho ‘Eeeita, Lelinha!’.

Hoje, estou de Luto. E não é clichê dizer que este também foi um verbo Seu, por toda a Vida. O Senhor deixou a gente, e agora devemos fazer ainda mais jus a esse verbo. Eu Luto, Vozinho. E enquanto eu puder, vou continuar lutando, pra o Senhor sempre ter orgulho de sua Netinha. Seja em qual projeto maluco for. E eu vou te amar pra sempre. E agradecer por tudo.

Não esquece de olhar a gente aí de cima.