terça-feira, 24 de maio de 2011

Ao pé do Olvido.



Amigo, escute bem!
Ande, tire logo esta cera do ouvido
-Guarde para discursos políticos.
Ouça somente o que lhe digo
Mas não leve como conselho!
Pois estes, meu irmão, nem eu sigo.
Vida, cedo ou tarde, há de te envelhecer.
Vai te levar de mãos dadas -e bem dadas!- até Dona Morte
Bem no dia que lhe cair bem.
Há que envelhecer, meu querido!
Até as folhas amarelam e secam, perdem o cheiro
(Mas este teu cheiro, tão colegial, há de ainda ficar.)
Lembre-se mais, Amado, nem invente feitio de assassino!
Não mate pessoas, tampouco o Português.
Temos somente três coisas a matar:
O Tempo, muriçocas e a Saudade.


(Postagem especial para um projeto especial: http://sociedadedospoetasporvir.blogspot.com/ . Viva a comunidade sócio-poética!)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Nude

Esse mundo labirinto
Cheio de caminhos-Caracol
Ah, corro destrambelhada ao redor!
Corro, sem freio e sem ré;
E penduro minhas roupas na primeira estrela que aparecer.
Com peito e alma nus, grito à trilha:

-Eu quero um mundo nu, só para mim!
Ou talvez eu o divida com o céu,
Que nem sei se precisa de mais terra pra cobrir...
Mas só deixo se for o Céu.

-O Céu, azul de palidez e imensidão

Maior que vento,
Maior que mar,
Maior que terra...
(uns dois dedos a mais, somente.)

Um instante, um ano-luz
Cor de flash de fotógrafo amador
O tempo entre um tapa e um grito
Um segundo de uma década qualquer.
Um milésimo do ato reflexo...
Só um instante!

E mais outro,
E mais outro.

-alguém me disse que
É de instante em instante
Que se faz um 'para sempre'.