quarta-feira, 9 de março de 2011

Terça do Carnaval.




Oxente, Poeta
Que doença te acomete
Que não escreve nem um lá?
-É que minha poesia foge
Vai mexer bumbum no samba
Sua melhor máscara põe
E sai a beijar seus mil foliões.
Ah, mas ela volta!
Desbotada e cinza numa quarta-feira
Sem pulmões, com meio-fígado,
-Ressaca de Amor, das piores!
Mas ela volta, vivinha.

Sou dessas.



-Quem aqui é romântica?
Pra começo de história,
Eu nem quero um Amor sóbrio.
Quero um daqueles bêbados:
Amores bêbados me põem um riso na boca.
Não quero um com gosto de café aguado
E pão massa grossa dormido.
Quero Amor de Domingo
Chuvoso, que seja.
-Aceita-se também um quente,
Com cara de samba e feijão.

Eu não quero um Amor esquecido:
O meu tem que ser boêmio, aliás.
Pegar chuva sem brigar
Trovejar caso precise...
E deve falar palavrões!
Ah, e abrir latas de palmito.
-Teremos sempre tira-gosto à mesa.

Quero desses tipos de Amor que fedem a vinho
Com meio maço de cigarro suave
(Sim, suave. O resto não me cai bem.)
Eu quero um monte de defeito
E mais um monte de raiva
E aperto no peito, dos grandes!
Quero isso tudo sumindo num beijo só.

Eu quero um Amor preguiçoso
Estirado na rede, dorminhoco
E um Amor hiperativo
Desses tipos que sacodem a gente!

Eu não quero um Amor de cinema.
(Dizem que tudo ali é questão de beijo técnico)
Quero mesmo é um desses, de verdade,
Escrito com 'A' maiúsculo e tudo.
-Tem, Moço?

sábado, 5 de março de 2011

Mais um de Guardanapo


Faz-se verso, vértice oblíquo,
Em bar com blues, meia-luz de poste
-Mais um martini!
(Olhos cor-de-ave flutuam pelo balcão)
Ah!, se o garçon,

ou o poste,

ou o vértice do meio-fio

ou cerejas em meus martinis

Soubessem do que habita no verso
de minhas lentes de contato.
Se rima afago e me afogo,
Formigueiro de palavras!
D'aonde sai cada coisa...
-Nem gosto.