quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Poesia de Presente.



Tem, só pra Você
Um pedaço deste peito
Uma nesga de coração,
Daquelas pequenininhas
(Uma nesguinha!)
E é das mais frágeis, veja bem.
-Cuidado com o seu lar!
Saiba, a princípio,
Que não passa de um mero pedaço
Pequeno pedaço d'um pequeno espaço
Já lotado de tanta gente
Que este, por menor que seja
E por menores que sejam seus pormenores
Saiba, Amigo-meu:
Saiba que este espaço é somente seu.
E fique bem aí.

domingo, 26 de dezembro de 2010


-Vamos sair.
-Pr'aonde?
-Não sei, diga Você.
Ache algo bom a se fazer
Algo bom de beber nuvem...
Conversemos com os postes!
Embebidos em meio-sol,
De céu da cor de vinho-tinto
Do esmalte de minhas unhas.
-Bem, podia-se comer asfalto,
Ou quiçá beijar a chuva!
-Se bem que sei que minhas unhas
Não querem se perder a céu aberto
Absortas em adivinhar as nuvens
Ou lamberem um por-do-sol apontado.
É bem verdade que minhas unhas
Na mais fina, crua e pura verdade
Querem mesmo é perder a cor
Na Tua Pele.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Coração biscate! 
Quando cruzas tuas pernas
Tuas bonitas pernas a mostra
Como defines tua forma
Tuas formas sempre expostas!
E pintas teus cilios
Ah, teus cílios-labirintos...
-Minotauro que te guarde.
Coração biscate. 
Como quando couve-flor
Em fim de feira entardece
A ti, sobram restos
Mas a mim, Poesia!
Sim, biscate sim!
E merecidamente surrado
Tão batido quanto um clichê:
-Com gelo, limão e cachaça, por favor.
Mas o que cargas d'água
Escondes nestes decotes?
Tuas cartas na cartola,
Teus coelhos na manga...
De que te escondes?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Caça-Tempos

  
Já me disse um velho amigo
'Todo labirinto- ouça bem!-
Todo labirinto é navegável a taças de vinho.'
Bem umas cem desta de suas mãos!
- Grande Amigo, Sábio e Sacana.
Que certo dia, ainda me disse,
Por trás de seu riso-penumbra, ébrio, corriqueiro:
'Corra, mas corra com jeito
Que há de, aos trinta, não ser
Precoce-velho-quadrado,
Tão sem graça quanto jiló’.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quase-Samba.


Mas é que você assim
Por ser assim e assado
Daria um samba desbocado
Em viola e flautim
Um samba, assim com pecado
Bem despedaçado
Cor de botequim
Daqueles de água na boca
E vinho barato
Ponta de cigarro jogado no chão
Um samba assim bem esbarrado
Bobo, abestalhado
Besta, sim! Porque não?
De letra em papel guardanapo
-Bilhete pra moça da mesa ao lado.
Seu Moço, tome cuidado!
Pois dentro deste lenço
Vive um coração enferrujado.