terça-feira, 24 de maio de 2011

Ao pé do Olvido.



Amigo, escute bem!
Ande, tire logo esta cera do ouvido
-Guarde para discursos políticos.
Ouça somente o que lhe digo
Mas não leve como conselho!
Pois estes, meu irmão, nem eu sigo.
Vida, cedo ou tarde, há de te envelhecer.
Vai te levar de mãos dadas -e bem dadas!- até Dona Morte
Bem no dia que lhe cair bem.
Há que envelhecer, meu querido!
Até as folhas amarelam e secam, perdem o cheiro
(Mas este teu cheiro, tão colegial, há de ainda ficar.)
Lembre-se mais, Amado, nem invente feitio de assassino!
Não mate pessoas, tampouco o Português.
Temos somente três coisas a matar:
O Tempo, muriçocas e a Saudade.


(Postagem especial para um projeto especial: http://sociedadedospoetasporvir.blogspot.com/ . Viva a comunidade sócio-poética!)

4 comentários:

Fernanda Arrais disse...

Já foram tantas sedas rasgadas à poesia Laeliesca, que nem sei mais o que falar nesta. Mas há o que lembrar: matemos a Saudade, as muriçocas e o Tempo.

Cynthia Osório disse...

gosto demais dessa tua brincadeira com o subjetivo e o concreto!!

Cristóvão Júnior disse...

Laelia,
Assim como a tosse e o amor, não há também como esconder a admiração pela beleza lúdica que acabo de ler aqui, e nem foi preciso ser tão "corajoso" assim.
Indo e vindo, vou te seguindo.

hiperativo e vil disse...

O tempo acaba por nos matar querida... é fato...