quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

GALEROU!


Galera é gente de rua e de ladeira,
De sobe e desce de vida,
De peleja e de luta...
Sonha um dia pisar na Lua,
só que céu anda nublado,
Ou então fumaça cobre!

Galera nunca dorme.
Mas sonhou que era branca,
Acordou virando preta,
Suja d'um vermelho sangue,
E desandou-se pela rua!

-Cada passo, uma cor.
E cada pedaço de asfalto,
um Arco-íris.

Galera já levou tapa,
De vagabunda foi xingada
Mas galera não rouba, nem mata.
Galera furta,
FURTA-COR!

Quem é galera, galerou,
A briga comprou, galerou,
A cidade parou, galerou,
Galerou, galerou!
quem é galera, galerou.

#CONTRAOAUMENTO


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Escritor de Gaveta



Mania doce de querer
Um gosto de um oposto,
O encosto de um rosto,
A louca forma de viver
Na 'fôrma' pouca do outro ser

Vida velha, breve baú
Abre e põe o que quiser!,
Mexe com tal trejeito
Que nem vento mais suspeito
Ousaria atrapalhar...

Faz do velho peito nova casa,
Ocupa a sala de estar,
Antes que outro cômodo ocupe!

-Ou antes que outro gosto te expulse.

Chega, deita no sofá
E atira o sapato
Como se quisesse alcançar a América do Sul...

O que ainda quer nesse velho baú?

-Um lugar bonito e bem-feito,
Pra que eu possa guardar meu peito.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Eu sou um ser humano!

-E daí, colega?

-É sério. Rum.

Passo os dias respirando
E dias passam feito vento
Passo frio, passo calor
Se corpo queima, sinto febre,
Se pede arrego, sinto dor.

Bebo água todo dia
Mas caso o dia esteja chato,
O álcool vai goela abaixo.
E verdade vem goela acima!

Sou passível de paixão,
Mas se aqui me restar peito
Posso suspirar afeto,
Caso me reste pulmão!

Vez em quando eu fico fraco,
E tem umas tantas agonias
Fracas feito rima feia
Que só carne que sacia.

Eu sou só um ser humano, cara.
Um Ser. Humano.
Portanto peço apenas um pedido:
Não sei se devo,
Só sei que não tenho
E portanto, e por tudo

-Solicito um dengo.

domingo, 20 de novembro de 2011

Bilhete de Esmerilhadeira.


Meu bem, me desculpe
Ah, e não me culpe
Se deixei seu coração cair sem querer
É que quando fui ver,
Jazia no chão, todo quebrado!

-Ops.

Ah, vá, perdoe
Perdoe esta mulher
Um ambulante desastre natural
Que não lhe fere por mal

Que machuca com mãos, sem olhos,
Cega de túneis sem luzes no final!
Que não deve, também não teme
E que não tem um pingo de vergonha:
-Ela se foi com o cordão umbilical.

Ah, e vá desculpando os arranhões também.
E as manchas.
E as mordidas...

-Ops.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tchibum.



Meu Coração mergulhador
Sem medo d'água, o sem-vergonha!
Olhou prum lado, pro outro,
Tirou a roupa e TCHIBUM!
-Quis nem medir distância,
E quase bate a cara na pedra!

Agua fria e salgada,
Mas quem diabos liga?
Lá do alto, onde ele tava
Dava pra ver que a água era limpa...

Meu Coração, mergulhador e alpinista,
subiu de novo.
'Um salto desses deve se repetir', pensou a peste.

Mas chegaram proibindo
-Gente pelada não pode nadar!
Cubra-se, ou suma daqui!
E meu Coração, um pelado sem-vergonha,
Deu meia-volta e TCHIBUM mais uma vez

'Qual o quê, só uma vezinha não mata
e nem tira pedaço!'

Mergulhou,
mergulhou
e mergulhou

E lá pelas tantas, PÁ!
Bateu a testa no fundo do mar.
-Toma, danado.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lembrete.



Se qualquer dia desses
Um beijo eu te mandar
E o vento levar pro lado errado
Parar na testa,
Na bochecha,
Na ponta do nariz (!),
Por favor, meu amor,
Tire o beijo daí.
E apregue no lugar que é de direito!
Mas apregue mesmo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Não gosto de títulos, e



Decoro meus versos,
Ponho rima, ponho rímel
Perfume, corpo,
Até flor no cabelo!

E quebro o decoro:

-Clichê, não-clichê, clichê.

É chique, ou o que?

Canso-me, cansada metáfora,
Tão abusada, pobrezinha...
Poupem-na!

Textos inertes,

Gentes inertes,

Pobres almas inertes.

E cadê a Poesia??

-Ta ali, coitada.
Se escondeu de vergonha,
porque a roupa tá surrada.

Já eu,
Cansei de clichê.
Agora, eu quero é chiclé!